Como Travis Hunter se tornou a aposta mais ambiciosa da NFL em 2025

O calouro quer fazer o que ninguém fez: ser estrela em duas posições. Mas na NFL, será que isso é possível?

Jacksonville Jaguars em partida da temporada regular da NFL em Wembley, Londres
Photo by Melissa McGovern / Unsplash

Duval em transformação

Poucas franquias ousaram tanto quanto os Jaguars no último Draft. A troca com o Cleveland Browns para subir do 5º para o 2º lugar e selecionar Travis Hunter foi mais do que uma jogada tática — foi uma declaração de intenções da nova gestão de Jacksonville.

Em um momento de transição — com rostos novos na diretoria e no comando técnico — a cartada por Hunter representa uma tentativa de reposicionar o time tanto no vestiário quanto na percepção da liga. O novo GM, James Gladstone, de 34 anos, chegou influenciado pelo modelo agressivo dos Rams. Segundo o Big Cat Country, ele citou a filosofia de Les Snead — “F** them picks” — para justificar o pacote pesado investido em um jogador que atua dos dois lados da bola.

Já o técnico Liam Coen, também recém-chegado e com bagagem ofensiva, deixou claro: a construção do elenco começa por Hunter. Ele não será um gadget — terá papel real desde o início.

O salto do college à NFL

Hunter brilhou no college football. Primeiro em Jackson State, depois em Colorado, sob o comando de Deion Sanders. Virou fenômeno, referência, e empilhou números jogando como WR e CB — algo raríssimo mesmo no nível universitário.

Mas a transição para a NFL é um salto que muitos não conseguem completar. O jogo é mais rápido, mais físico, mais cerebral. Na liga, cada rota é precisa, cada erro é explorado, cada adversário é especialista. Os coordenadores buscam suas fraquezas até elas virarem buracos.

O ex-head coach Eric Mangini resumiu bem:

“No college, você pode ser mais atlético do que 90% do campo. Na NFL, esse número vira 5%. Os detalhes matam você.”

Além disso, há o calendário profissional: 17 jogos, viagens longas, treinos intensos e dois playbooks para estudar — uma carga mental e física inédita até mesmo para os jogadores mais experientes. Fazer isso em duas funções simultâneas é quase inédito.

Energia e atenção no training camp

Nos treinos da pré-temporada, Hunter chegou com tudo. Participa de reuniões nos dois lados da bola, absorve conceitos com rapidez e impressiona pela postura e intensidade.

Trevor Lawrence o descreveu como alguém “com energia de garoto” que “não parece cansar”. Travis Etienne reforçou: “Dança, pula, o calor não para ele.” Já o veterano Patrick Mekari elogiou sua atitude: “O entusiasmo é autêntico. E contagia o grupo.”

Até quem também está em transição percebe a diferença. Louis Rees-Zammit, ex-jogador de rugby e agora nos Jaguars, comentou: “Aprender um playbook da NFL já é difícil. Dois? Só com muito trabalho.” É o que Hunter tem entregado até agora — disciplina, carisma e dedicação em ritmo profissional.

Não à toa, os técnicos já montam pacotes específicos com Hunter nos dois lados. Ele não será um jogador de efeito limitado: terá função real desde o início.

O futuro de uma aposta sem precedentes

O plano dos Jaguars de investir em um jogador de função dupla — em um dos esportes mais exigentes do planeta — não é apenas ousado: é revolucionário. Com energia, inteligência e apoio do elenco, Hunter tem as ferramentas para dar certo.

Se funcionar, ele pode inspirar uma nova geração de híbridos e mudar a forma como olhamos para posições fixas. Se não, será lembrado como um alerta: até mesmo talentos geracionais têm limite.

Mais do que barulho, os Jaguars criaram expectativa para a temporada 2025.